Doces feitos pela mãe há mais de 69 anos
Postado 20/01/2022 10H30
Doces feitos pela mãe há mais de 69 anos
são sustento de Beni em Kombi
Criado em fazenda, ele narra que não se lembra de
momentos em que não houvesse doce por perto
CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
Embaixo da sombra, ao lado da Praça Itanhangá, na Rua Chaadi Scaff, Beni Garcia, de 69 anos, passa seus dias vendendo doces que nasceram pouco tempo antes dele. Sem precisar de marca estampada nos mais de 40 potes dispostos no local, ele defende que a receita é especial por ter virado tradição com sua mãe.
“Eu nasci e ela já fazia doce, então, a gente tem tradição nesse ramo. Ela começou a fazer e não vendia, às vezes, trazia para os amigos”, conta. Foi em uma fazenda de Nova Andradina que Beni cresceu com Ieda, sua mãe, passando os dias na cozinha. Sem faltar fruta no quintal, a variedade dos alimentos feitos em casa não costumava ser pequena, de acordo com o comerciante.
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Toda vida, eu vi ela fazendo, aí fui acompanhando.
Na fazenda, às vezes, tinha mais de cem vidros de doce de toda espécie,
porque depois que você finaliza a receita, ele dura bastante", diz
Hoje, Beni vende 11 sabores de doces, entre eles, queijadinha, cachorrada, de leite, abóbora, caju, figo, pêssego e de jaca. Todos os potes são disponibilizados diariamente ao lado de caldo de cana e custam entre R$ 25 e R$ 30.
Além dos doces, a família também produzia requeijão e histórias envolvendo as vendas reforçam o respeito sobre o ofício da família. Puxando as lembranças, ele narra que certo dia, seu pai foi até o banco da cidade para vender requeijão, mas acabou sendo impedido por um gerente novo.
Ele falou que estava acostumado a vender, mas não adiantou. Até que uma funcionária avisou que ele tinha vendido 200 bois e que o dinheiro estava na conta. Foi só assim que o gerente mudou de ideia sobre o vendedor ambulante e disse que não sabia. Meu pai ficou bravo e tirou todo o dinheiro de lá”, finaliza a história rindo.
Mesmo depois de tanto tempo, Beni explica que a mãe continua “mandando” na produção e que sair da cozinha é difícil. “Ela tá velhinha, mas continua determinando se tá bom ou não. Ela fica olhando, vendo, pega uma colher de pau e dá uma mexida para ver se a espessura da calda está boa e assim vai”.
Sobre o processo de produção, ele relata que o dia precisa ser passado na cozinha, assim como em suas memórias da mãe. “Principalmente, o doce de leite, que é mais complicado, porque tem que fazer devagarinho, mas a gente faz de pouco em pouco”.
Orgulhoso da história, o comerciante pontua que entre os três filhos de Ieda, apenas ele seguiu com os doces e que não pensa em um fim para o ofício. “Virou meu trabalho e eu gosto. Além de que não fico preso em nenhum lugar, é gostoso ficar ao ar livre e sou de conversar muito, então, é bom”.
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